Adormecidos nos largos campos do nosso destino Um mundo guardado por silenciosas asas que sussurram E num rasgo de luz dourada pelo divino Protege a nossa impossibilidade perfeita E nos horizontes que brevemente murmuram Um esplendor fechado investiga os nossos olhos sonhadores Esperamos que a nossa fantasia seja a eleita Sonhamos nossos esplendores Carregados de idades orgulhosas e fados magníficos A beleza da nossa alma escura é amorosa Somos os herdeiros de uma largura infinita Reflectida na flor e nos espinhos de uma rosa Mas estreitada pela nossa desdita O impossível é a insinuação do que será A mais pura mistura da verdade Nossa vida é e será sempre A porta da nossa imortalidade.
Foto: Good Morning Sunshine - Marcos Sobral (olhares.aeiou.pt)
Ano Novo... Vidas Velhas Com eles pintamos nossa vida Em sumidas aguarelas E nesse quadro pintado em nós Na alegria de uma ilusão Vivemos cada vez mais Perto da nossa foz Na esperança do grão vindouro Procuramos num breve serão O mapa do nosso tesouro E atrás dessa noite final Igual a tantas outras Esperamos que tudo mude E tudo fica Tristemente igual...
Foto: Boas festas! -Waldson Dias (olhares.aeiou.pt)
Quando a nossa vida É tecida no tear do tempo Alvora a eternidade E em laçadas de fios de prata Um olho hábil Constrói a nossa figura social E nossos sonhos em cascata Surgem tecidos em tom natural Numa bitonalidade Entre o amor e o ódio Entre os tons cinzentos ou coloridos De um breve episódio Numa alegre ou triste remexida Desse breve tempo A que chamamos vida.
Foto: s/título - simão pereira de magalhães (olhares.aeiou.pt)
Com todos os Amigos da Vida das Palavras, partilho este belo momento agradecendo a todos a amabilidade e a gentileza de serem visitantes assíduos (alguns diários) e de terem contríbuido para tornar este espaço um dos projectos mais gratificantes que vivi até hoje. A todos um Feliz Natal e um Ano de 2008 cheio de sucessos pessoais e profissionais e com muita saúde fisíca e mental.
Canções e melodias… São silenciosos ruídos do coração Em parte profecias, em parte fantasias Loucas e selvagens rimas em vão Bela a música e a entoação E o ritmo fino e atroz De um amor em exaltação Não esqueço os anos que passam velozes Por mim a correr à pressa Como relógios ferozes Atrasados na vã promessa Da minha vontade e destino A minha vontade de menino São as vontades dos ventos E os pensamentos da juventude São apenas pensamentos.
À beira do teu mar revolto Vejo o mundo num grão de areia E o céu no gineceu de uma flor selvagem No teu enleio envolto E no teu corpo de sereia Danço para dentro quando sinto por perto O calor da tua aragem
Mantenho a infinidade do tempo Na palma da minha mão À espera da tua eternidade E num triste contratempo Olhas-me e dizes-me que não Mesmo que seja só um sonho de mar Não posso escutar essa verdade.
Foto: Coming Back To Life -grENDel (olhares.aeiou.pt)
O esplendor da realização É só uma breve experiência do tempo O amanhã uma eterna visão O ontem um sonho de felicidade Que se perdeu no coração Que se perdeu na nossa vontade
Olha para este dia com os teus olhos
Esses olhos cor de esperança Raiados de sol e lua Alimenta neles a nossa lembrança E nessa luz que te apazigua Esquece que o tempo que faz a temperança E vem comigo até ao futuro
Foto: "Fly With my Eyes" - Guilherme Santos (olhares.aeiou.pt)
Escondo-me dentro da flor do advento Daquela que uso no meu peito Oiço nesta festa o lamento e a ilusão Descritos pelo Homem De um mundo quase perfeito
Uma flor desbotada pelas suas mãos Quase seca e murcha pela solidão Que esquecem todos os dias De forma inconsciente Aqueles a quem dar a mão
Chamam-lhe Natal para ser diferente Para o segregar do resto do tempo Esquecendo a tristeza eterna de muitos Como se a vida fosse para nós Um alegre passatempo
São poucos os dias de consciência Para um mundo tão cruel E esperando que não levem a mal A minha modesta opinião Precisamos de um outro Natal.
Penso o tempo do Amor, e enquanto penso, O amor é para mim um mundo A única carne e a bebida mais doce E vivo como se assim fosse À deriva como um vagabundo Só sei que é, não como ou porquê, Nem como posso explicar Esta aura que paira no ar E me leva, leve nos teus braços A voar… E quando o tempo finalmente chega De olhar bem fundo em mim Neste amor que te carrega E em todos os fardos desta vida A vida parece tão comprida No tempo que escorrega Que tenho pressa de estar em ti E ser feliz assim…
Foto: O Meu Presente - António Carreteiro (olhares.aeiou.pt)