Quinta-feira, 31 de Janeiro de 2008

Vejo no futuro
Minhas lágrimas pintadas de azul do céu
Salpicadas do sal do teu rosto
Temperadas pela tua mão
Com o sabor do teu mosto
Vejo no futuro
Meu suor no teu peito
Teu cheiro na minha camisa
Numa dança ensaiada a preceito
Entre os dois
Embalados no teu passo
Ao sabor da minha brisa
Vejo no futuro
Nas tuas mentiras as minhas verdades
No teu rosto o meu espelho
De um reflexo de olhares cúmplices
Olhados às nossas vontades
Vejo no futuro
Algo de belo que fluirá
Não posso esperar mais
Meu e teu futuro são já.
Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008
Foto: Raul Cordeiro (Auchwitz-Bierknau, Polónia 2006)
Continuamos a ser os maiores especialistas mundiais na destruição de nós próprios
Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2008

Num lugar verde entre as colinas
Num pequeno vale isolado e silencioso
Que agora floresce profusamente
Ecoa um homem são, guloso e duro
Banhado pela névoa, é fresco e delicado
Como trigal de inverno e linho não maduro
Um homem humilde que nos seus anos juvenis
Sabia tanto de loucura como a que tinha feito
A sua primeira masculinidade exercera
Ficara esse amor perdido marcado no seu peito
E do sol, e do ar com brisa
As influências doces tremem por entre a sua camisa
A sua alma na calma sente a necessidade de sentir...
Este caminho ou aquele caminho por cima dessas colinas
A invasão, o trovão e as raivas felinas
E todo o choque de ataque calado
E conflito indeterminado - agora dito
Por acaso e na sua ilha nativa
Carne e gemidos ecoam debaixo deste sol abençoado
Foto: Alentejo verdejante... - jorge filipe pires (olhares.aeiou.pt)
Sábado, 26 de Janeiro de 2008

Vagueio solitário no colo da tua nuvem
Por cima de vales e colinas
Sou teu anfitrião à sombra daquele calor
Junto do lago da tua humidade
Esvoaço e danço nas tuas brisas felinas
Como a mentira pela verdade
Cintilam as estrelas em sua via
Entendem-se em céus intermináveis
Ao longo das margens da tua baía
As ondas junto de ti se enrolam
Ondas brilhantes de alegria
Um poeta não poderia ser mais alegre
Em tão bela companhia
Muitas vezes, quando no meu divã estou
Em vago ou pensativo humor
Elas brilham sobre aquele olho interno
Que é a felicidade da solidão
De um pensamento encharcado em dor
E o meu coração se preenche
Na palma suave da tua mão.
Não negues um bem a quem precisa dele para viver
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2008

Logo os meus olhos se queimaram
Pelo brilho da chama dos teus
Minhas lágrimas secaram
E nos olhares com que te fitaram
Aos teus olhares chamaram meus
São meus os teus olhos
Como são meus os teus
Nossa troca de olhares
Comandada pelos teus
É culpa única e só
Da forma e do brilho
Com que os teus fitam os meus.
Quarta-feira, 23 de Janeiro de 2008
Mesmo em corações de pedra podem nascer flores
Terça-feira, 22 de Janeiro de 2008
Lá, nas sombras de um Sol
Traiçoeiro até mais não
Soltas o teu breve suspiro
Não sabes se rir ou chorar
Lá, atrás daquela árvore escondida
Num silêncio de encantar
Onde o musgo cresce sem nexo
Em todos os lados do tronco
E a sua sombra não é a sua sombra
Mas apenas o seu reflexo
Lá, onde vives a minha lembrança
Das palavras que te encantam
Pagarás minha fiança
Que me ajudará a libertar
Lá, nos poemas que escrevo
Neste sítio feito palavra de vida
Tocarei a música dos meus poemas
Numa canção prometida.
Segunda-feira, 21 de Janeiro de 2008
Foto: Raul Cordeiro (Yokohama, Japão - 2007)
Não entres na roda quando a noite estiver no fim
Sábado, 19 de Janeiro de 2008

Fecha os teus olhos e não espreites
Deixa a Primavera acariciar-te
E ainda que o Sol enjeites
Suave como veludo de terra
Serena, ela virá beijar-te
Húmida pelos teus beijos de Inverno
Fecha o teu olhar ao frio
No calor com que o Sol encerra
Vive e floresce o teu amor baldio
Perdeste o teu Verão
Enterra teu machado frio
Dá-me a tua mão
Continuas à espera
De um amor fugaz de estio
Num beijo de Primavera.