Quarta-feira, 12 de Março de 2008
Terça-feira, 11 de Março de 2008
Teu nome na minha língua é a palavra mais doce
A minha palavra escolhida, tua voz bela e distante
A tua face escondida, meu despertar precoce
Olhar-te e sentir-te, o meu sonho constante
Teu sussurro no meu ouvido, meu sonho sonhado
A brisa breve do teu vestido vermelho, meu delírio alucinado
Tua boca chamando o meu nome, meu sonhar algemado
Tuas mãos de carícias, meu eterno martírio adiado
Foto: Just orange - Rui Manuel Figueiredo (olhares.aeiou.pt)
Segunda-feira, 10 de Março de 2008
Reparo agora que o meu lugar é na tua poesia
Onde me alimento e acordo para o dia
Onde o meu acordar é um sono inverso
Onde leio e releio no teu corpo o verso
Como a flauta com que me adoças a boca
Vejo agora mais claras estas linhas cantadas
Tua música suave transpirada do teu corpo
Preenche em mim uma pauta de vida oca
E assim cantada esta breve canção na tua voz
Em letras de versos caídos da tua árvore
Que agarro firme e ensaio nos teus ramos
Ensaia comigo essa dança de folhas ao vento
Ensina-me, quero aprender os teus caminhos
E faz com que a minha letra
Seja da tua música
O mais simples alimento
Domingo, 9 de Março de 2008
Leva contigo o meu beijo na tua face
Vai serena, a minha esperança com ele
Porque será que se desfaz tudo o que toco?
Tudo o que falo, digo e penso
Um só dia assim de ti suspenso
Faz-me pensar que até nas minhas palavras sufoco
Tenho pena de não ser o teu barco na baía
Não ser o teu Sol da manhã
Que acorda o teu novo dia
Não ser a tua gota de chuva pequenina
Que olhas da tua varanda
Não ser o teu sonho, a tua demanda
Não ser a tua paixão clandestina
Que dessa vida te amotina...
Sábado, 8 de Março de 2008
O passo largo do teu passo
Que me guiou em criança
No alcance da minha admiração
Uma mulher feita esperança
O palmo dos teus quadris
O cacho dos teus lábios
E teus beijos febris
És mulher
Fenomenalmente
Mulher fenomenal
Somente
És tu…
Sexta-feira, 7 de Março de 2008
Declaras que me vês vagamente
Por um vidro onde não brilha a imagem
Os meus tambores malham na mesma mensagem
E os meus ritmos nunca se modificam
Anuncio que os meus caminhos são arrojados
Que vou voar do homem ao homem
Se sou somente uma sombra para ti
Mudarei a minha imagem
Limparás a tua torpe visão
Admirarás as minhas lágrimas no teu chão
Ouvirás o tempo tão inelutável
Ouvirás o batimento do sangue na minha veia
Numa dança formidável
Com os teus olhos na minha plateia
Sim, os meus tambores batem à noite
E os meus ritmos nunca se modificam.
Quarta-feira, 5 de Março de 2008
Um dormir bocejante
Cobre de nevoeiro a minha visão de ti
E o teu andar elegante
Mascara a minha fábrica de realidades
Modifica a minha face e o meu fado
Traz da penumbra as verdades
E nesse amor arrogante
Com que me perturbas
Fico deveras abusado
Por tua verdade real
Por teu corpo e tua fala
Apetece-me ter para ti, às vezes
Um instinto animal
Calar tua voz de revezes
Que me fura como uma bala
E tapar teus olhos raiados
De chorares na tua dor
A dor do nosso amor
Terça-feira, 4 de Março de 2008
No meu silêncio profundo evito ser vítima de ignorância e estou convencido de que um homem nesta terra é capaz de conseguir subir alturas, ter pensamentos transcendentais, ter delírios divinos, enfim de ter substância que contagia a sua alegria e os seus horizontes e lança pontes entre os êxitos e os fracassos mas não amplia os seus defeitos antes os transforma numa força indomável qual chama que aquece o desespero do seu mundo e desperta luzes interiores.
Domingo, 2 de Março de 2008
Esta arte de cantar português
Vem célere na espuma do mar
Vem da alma de um marinheiro andejo
Escrita melodia de espuma em tuas praias
Rima de uma vida de poeta de mim
Que em seus versos ensaia um solfejo
Esta arte de dizer por palavras soltas
Toda a vida num breve instante
É vício de escrita e vício falante
De deixar nos papiros desta vida
As suas voltas e reviravoltas
Esta arte de escrever
Imagens de uma vida feita de pressas
De cumprir em seus versos
Algumas das suas promessas
Fazem do poeta um cantor de cantigas
De ouvidos e vozes amigas
Fazem de sua escrita de verdades
Arauto das boas vontades
Esta arte de ser assim cantor da vida
Numa canção sem medida
a vida pode sempre ser uma alegre viagem...
Foto: Raul Cordeiro (Zurique, Suiça - 2007)