Sexta-feira, 30 de Maio de 2008

Este é um poema sobre tentações. A tentação é um estado sublime entre a sobriedade e a embriaguês.
A tentação está por aí, algures no meio de tudo.
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Pensei que poderias ser a chave
Que balança hesitante no colo da minha fechadura
Escolhi as tuas balas para ferir a minha armadura
Colhi as tuas balas na minha boca
Ingredientes doces e salgados
Chumbo, cobre, doce de amargura
Decidi ir ao norte numa viagem louca
O pensamento foi o modo mais fácil de ser
De matematicamente entender
O desvario e a loucura
Sou afinal uma semente vazia
Fruto podre da minha ditadura
Sem folha, flor ou fruto
Fiador de sentidos e delírios despidos
Infantil, irresoluto, invisível e inodoro soluto
Não posso ainda perder-me na abundância do dever
Nem brincar com a idade
Ou atropelar o minuto
Isto não é sobriedade?
Foto: NÃO ABLA NÃO MEXE - jose ferreira (olhares.aeiou.pt)
Quarta-feira, 28 de Maio de 2008
15000 Visitas
Obrigado a todos os que têm a gentileza de fazer deste espaço um dos seus locais de visitaSeriam precisas várias vidas para agradecer a todos
Muito Obrigado

Se pudesse tocar nesse arco-íris vizinho do meu Sul
Se pudesse construir uma montanha pintada de azul
Agarrar aquela nuvem e pintá-la de amarelo
E lançar num ar de vento o seu novelo
Se pudesse esvaziar o mar e o céu e mudá-los de lugar
Poderia no céu navegar e nadar no que é meu
Seria peixe no céu e ave no mar
Seria pintor de arco-íris de cores vivas
Artista de malabarismos e sonhos
Rabiscador de telas nativas
Se pudesse tocar nesse arco-íris vizinho do meu Sul
Se pudesse construir uma montanha pintada de azul
Agarrar a terra toda de uma vez e mudar o Norte
Pôr África toda na Noruega
E esperar tranquilo a refrega
Ver crescer a serenidade do mundo
Nem que fosse só por um segundo
Seria herói para uns e vilão para outros
Seria Nobel da fantasia
Rabiscador do futuro de um dia
Se pudesse tocar nesse arco-íris vizinho do meu Sul
Se pudesse construir uma montanha pintada de azul
Se pudesse…
Terça-feira, 27 de Maio de 2008
Segunda-feira, 26 de Maio de 2008
Ela era... uma vezTeimosa, persistente nos porquêsOuvia o que não era e o que não queriaNem sabia o que magoavaQuando a sua caneta afiavaDisparava em todos os sentidosProjectava no mar as palavrasE esperava que os enganosAtravessassem oceanosQueria ser descobertaE viajar nas minhas viagensContornar as minhas margensDura, firme e doceMal fora que não fosseSenhora dessa parte de siQue esconde atrás da sua doçuraEmbrulhada como prenda mistérioEm cartão de face duraEla era... uma vezMenina mulher
Quem ler hoje o que escrevi
Quererá ver o que vi
Saberá o que li
Mas não como vivi
Deitar-se-à a adivinhar
Os olhos e o olhar
Os sapatos e o andar
Mas não o caminhar
Saberá a cor do olho
A pestana ou o sobrolho
Mas da seara apenas o restolho Saberá a escrita feroz
A palavra veloz
Saberá o timbre e os nósMas não a voz
Cultivará a adivinhaPalácio ou casinha
Histórias da carochinhaMas não saberá a minha
Verá imaginado ser
De altivo bem parecer
Mas não saberá o mais simples
Do sentido o simples ser Foto: Ladybird - Ellen van Deelen (photo.net)
Domingo, 25 de Maio de 2008

Não peço desculpa
Mas reclamo para mim a verdade
De pensar e escrever no ar e no pensamento
De na minha ausência
Inventar palavras de inocência
Escrever a verdade
Sem cair nesse buraco negro
Da banalidade
De escrever com o sentido
De querer escrever para viver
E não para ser lido
De ser cirurgião das palavras
E operar os meus textos com pinças
E naquilo que seja tolice
Retirar o apêndice
E guloso da poesia
Deixar a palavra ir e o texto fluir
Pretensioso? Não, apenas cioso
Foto: Desisto! Vou-me embora... - Mafásiras (olhares.aeiou.pt)