Quinta-feira, 10 de Julho de 2008

Embrulhado na tua prenda
De dedos na face e na venda
Colhendo conchas e algas
Vejo um dia liso como o lençol em que me deito
Ao acordar
E oiço a máquina do teu peito
Perco o jeito
Devagar…
Terça-feira, 8 de Julho de 2008

Por mais que te ame
E que sejas meu lema
Não caberá o meu amor
Na geometria de um poema
Será impossível
Encolher as letras e as frases
Esconder que apenas um poema mente
Será dificil
Continuar ingénuo adolescente
Quero-me homem aceso e maduro
Impermeável à chuva do futuro
Quero-te sempre princesa
Rosto em tom de aguarela
Reflexo eterno da minha janela
Impossível olhar-te
Sem abrir a boca de espanto
Sem revelar os meus segredos
À custa das unhas e dos dedos
Segunda-feira, 7 de Julho de 2008
Domingo, 6 de Julho de 2008
Sem freio e sem arreio corro campos e encostas
Para vestir a vida apenas de corpo e meioPara vestir de belo o feioSaltos, palavras e corridas de fundoE tudo o que está existe só
Rente aos olhos turvos do mundoRente à corda e ao nóRente aos olhos a flor e o espinhoA nuvem e o caminho
A cinza e o marA praia e o luarRente aos olhos meus os teusRente aos olhos a árvore e o aradoA serra e o machado
A vida e a morte
O azar e a sorteRente aos olhosO homem e a mulher
O prato e a colherAs mãos e os dedos
Os sonhos e os segredosRente aos olhos teus os meus
Rente ao dia a noiteA chuva e o vento
A boca e o sustentoE rente aos meus olhosUma mulher da chuva molhada
Rente à minha boca fechada
Quinta-feira, 3 de Julho de 2008

Descansam à espera do casamento eterno
Sol e nuvens amam-se
Entre os saborosos lábios do horizonte
E a face da areia das praias do mundo
Corpo alado na violência das ondas e do vento
Grávido o mundo numa barriga de água de oceanos
Que nasce em cada praia dos teus encantos
E regressa ao teu mar nos teus prantos
Sussurram as ondas nas rochas gritos incultos
Na espuma borbulham tumultos
No rodopio dos movimentos de amor
Abre-se o corpo da terra
Ao líquido do mar
E à luz do luar
E em amores e rodopios
De água e luz
Em movimentos e danças complexos
Renascem em cada dia e cada noite
Amores dos teus universos
Terça-feira, 1 de Julho de 2008

Foi mentira e pura ilusão dos sentidos
Não tranquei a porta de entrada
Nem acendi as velas
Decidir ir dormir
Vi…
Luzes amarelas
A escuridão do ocaso nas agulhas de pinheiro
Embriaguei-me primeiro
Com a tua voz na entrada
Com o cheiro da tua chegada