Domingo, 31 de Agosto de 2008
Eram já velhas as saudadesDo espaçoDo bafo do teu corpoDa arcada do teu braçoEram já torpes as lembrançasDo bem que me fazesDo frio que trazesDo enrolar das tuas trançasEram já poucas as horasPara pensar no meu regressoNo meu papel reimpresso
Neste livro onde morasChegueiRegressei
E comigo as lembrançasAs horas
Os livrosE comigo os poemas do avesso
Sábado, 23 de Agosto de 2008
Bate, bate e não desiste
A neblina da manhã nos meus olhos
Serei eu mesmo o teu anel
Serás tu o meu papel
Serei eu mesmo teu
Serei eu teu fel?
Serei...
Biologia...
A mais pura natureza
E em cada olhar que faísca com o meu
E quebra a minha fortaleza
E cada vez que as minhas mãos te dobram
Serei o florete de espachim
Que te fura o coração
E te expõe a nudeza
Serei...
Serei?
Serei mesmo?
A tua doce safadeza?
Quinta-feira, 21 de Agosto de 2008

Arma-te com as tuas armas
Convence-me com as tuas teorias
Magoa-me com as tuas palavrasIlude-me com as tuas magias
Pinta-me com as tuas tintas
Confunde-me o olhar
Finta-me com as tuas fintas
Asfixia-me com o teu respirar
Mostra-me o teu corpo
Fala comigo ao luar
Mostra-me o teu todoPara me poderes magoar
Quarta-feira, 20 de Agosto de 2008
Acontece que já nem pensava
Voltar a encontrar a minha Primavera
Nem a chuva no meu cabelo
Nem a espada daquele duelo
Das lutas que travei
Dos amores que vivi
Das vezes que me apaixonei
Das vezes em que morri
Segunda-feira, 18 de Agosto de 2008

Acaso me perguntaste se te queria ver?
Ou sequer conhecer
Não vês que me escorre pelos olhos
O desejo imenso de te esquecer
Não vês que sonho com o mar
E só me trazes a praia
Não vês?
Não vês que os meus poemas são selvagens?
Difíceis de domar
Não vês que sonho ao luar?
Não vês que neste sentir
Há um perdoar e uma imagem
Não vês que vim até aqui
Pelo medo e pela coragem
Não vês ou não queres ver
Que me alimento do verso que escrever
Da canção que vier
Do livro que ler
Que o teu corpo me sabe a pouco
Ou não queres ver
Ou estou mesmo a ficar louco?
Não, descansa...
Não tenhas receio
Apenas faço desta façanha de escrita
Um delicioso recreio
Foto: Raul Cordeiro
Sábado, 16 de Agosto de 2008
De que te vale esse olhar?
Se ninguém te olha nos olhosDe que te vale esse vestido?Se ninguém te despe os folhosDe que vale a voz doce?
Se ninguém te prova os lábiosDe que te valem as palavras?E os pensamentos sábios
De que te vale esse corpo?Se te escondes à sua sombra
De que te vale seres sincera?Se ninguém te gostaDe que vale a espera?Não vale a apostaDe que vale o teu cabelo?Se não o podes sentir nos ombrosDe que vale precisar de casa?De que valem os teus escombros?
De que vale o teu calor?De que vale o teu frio?Se ninguém te dá valorNem no pino do estio