Domingo, 19 de Outubro de 2008
Sábado, 18 de Outubro de 2008
Contas as conchas do mar e o ruído
Que fazes ao caminhar
Contas-me ao ouvido o teu espelho
E as coisas perigosas do mar
És filha da ilha grande
Maravilha do meu marear
Contas histórias de encantar
De peixes amarelos e sereias
De sóis e luas cheias
E desse peixe chato, fedelho
Poeta das ideias
E contas mais ainda de ti
Do sabor da pele a sal
E de mais de mil epopeias
Do bem e do mal
De paixões e desventuras
Devaneios e loucuras
Contas os dias que passam
E as horas que não passam
Contas também…
No reino de Júpiter és doce e amada
E vives na ilusão do olhar
De me contares um dia
As tuas aventuras
Do outro lado do mar
Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008
É ele poeta e criança
Que tira das palavras a abastança
E tece com elas uma trança
E dança com a folha uma dança
É ele criança nascendo poesia
Jogando com palavras ocas pura fantasia
É ele inventor de fados
E de versos aluados
É ele que atira ao ar
Para voltar a baralhar
É ele o actor do cinema
É ele o comandante do poema
E se o poema não morreu
Ele... sou eu
Segunda-feira, 13 de Outubro de 2008
É salgada a tua silhueta
Azeda a espera dos braços e dos abraços
Saudosa a maré dos veleiros
Triste a espera pela mão branda do Outono
Desinquieto o meu sono
É quando...
Prefiro os odores aos cheiros
Prefiro o estalar das castanhas
Às dores das minhas entranhas
Prefiro o vento do dia
À chuva da noite
Prefiro a praia ao mar alto
A solidão ao assalto
Prefiro a carta ao postal
A chuva ao lamaçal
O açúcar ao sal
A voz do poema
Ao mais fugaz dilema
E prefiro... ainda
O sal do teu corpo
A um mar quase morto
Domingo, 12 de Outubro de 2008
Sábado, 11 de Outubro de 2008
Num poema pequenino
Dou lustre à palavra esquecida
Dou luz ao meu destino
E sem luz e sem te ver
Ficam estas linhas de vida
Para quem quiser ler e entender
É mesmo pequenino
Porque nasce e morre ao mesmo tempo
E antes que os olhos abram
Cresce e mirra em contratempo
Segunda-feira, 6 de Outubro de 2008
Sonhei-te tanto que me cansei de te lembrar
Vivi-te tanto que me cansei de morrer
Olhei-te tanto que me cansei de cegar
Saboreei tanto que me cansei de lamber
Li-te tanto que decorei o teu nome
Decifrei todos os teus significados
Saciaste sozinha a minha fome
Iludiste os meus predicados
Hoje, são, em sonhos esforçados
Tristes as minhas memórias
Alucinantes as minhas histórias
Sem sentimentos banais
Mas apenas carnais
As minhas memórias
Sexta-feira, 3 de Outubro de 2008
voa veloz a tua língua sobre o meu coração
ilumina-se a fluorescência do teu andar, talhado
afunda-se a lua no mar da paixão, diamante
rasga-se inteiro o bocado, pedaço da tua mão
olha-se de soslaio o corpo amante
escurece a sombra do meu braço na tua cintura
enrola-se na raiz dos teus ossos
escreve-se a minha idade numa pintura, espelho
de imagem reflexa, desarrumada, alimento vítreo do ego
espera na falsidade da imagem o aconchego