Domingo, 30 de Novembro de 2008
Descobri que no navegar à deriva
Não há direcção
Não há destino nem fado
Fiz do teu vento o meu sol
E do meu versejar
Um linguajar afiado
Descobri que posso gritar
E deitar a voz ao vento
E deitar a palavra ao chão
Sei o que o tempo pode curar
Mas sei que o vento não pode esperarDescobri que a minha voz ecoa
Que posso cultivar silêncios
Que posso cantar à toa
E ver dançar os navios
Descobri que o meu porto é no teu mar
Que a minha pele está na tua casa
Que a minha pena
É apenas uma pena da tua asa
Descobri que no navegar à deriva
Não há direcção
Não há destino nem fado
Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008

É já a noite do dia
Devagar se sentem os pés molhados
Imóvel serenidade da tarde
Crepúsculo de intensidades
Coisas saltam e pessoas roçam
O corpo pelo fim do dia
Na tristeza da alegria
E se não houvesse montanhas a escalar
Na escalada do dia
Perderia o sonho a altura
Perderia a noite o dia
Se não houvesse verdade
Nas histórias de saudade
Seria apenas fantasia
A saudade que sinto do dia
Se não houvesse enigmas e labirintos
Nem sonhos bem distintos
Perderia o sonho a altura
Perderia a noite o dia
Terça-feira, 25 de Novembro de 2008

Hoje é talvez o último dia em que vivo este dia
O dia antes de escrever a última poesia
O dia antes de uma colecção de novos dias
Um dia depois de truques e acrobacias
Hoje é talvez o dia antes
De uma colecção de dias
Dos dias menos distantes
Será o dia antes dos dias bastantes
De dias de tristezas e alegrias
Domingo, 23 de Novembro de 2008

Após contacto com mais de 20 Editoras em Portugal para a edição de um livro baseado nos textos deste Blog consegui ter 0 (zero) respostas.
Fica a certeza que serás publicado quando te conhecerem mas que também só te conhecerão quando fores publicado.
É a realidade...
Por isso resolvi vender os textos deste BLOG em colectânea PDF.
A quem desejar peço Mensagem para avidadaspalavras@gmail.com
O preço estimado para cerca de 300 textos é de 10 €.
Obrigado
Sábado, 22 de Novembro de 2008
Pudera eu resgatar deste poema duas ou três letras
E com formaria uma palavra com elas
Uma palavras simples
Da cor da espada do aguço de quem lê
Uma palavra simples
Da cor dos olhos de quem vê
E das letras nasceriam palavras
E das palavras histórias
De folhas brancas derrotas
Da cor das palavras vitórias
E das vitórias gritos e honras
Pela multidão de letras cativo
De duas ou três letras
E uma palavra simples
Nasceria um livro
Quarta-feira, 19 de Novembro de 2008
Da terra onde me sento
Na minha aldeia pequena
Do tamanho de um mundo pequeno
É o banco e a cena
Sol ardente, sombra serena
Sombra que destila veneno
É pequena a arena
Da praça e do coreto
Mas grande o calor
Que desfaz o meu esqueleto
É pequeno o horizonte
Como pequeno o olhar que lhe lanço
Grande a árvore, pequena a sombra
Veloz o seu balanço
Apetece-me morrer e renascer
E voltar a morrer e nascer
Tantas vezes por dia
Que a vida teima em negar-me
Essa esperança amarga e vadia
E olho pequeno o mundo
De olhos grandes e risonhos
Na esperança pequena da vida
Porque grandes são os sonhos