Quinta-feira, 5 de Fevereiro de 2009

Era um dia nítido demais para ser negado
Para sentir na pele o mistério dos poetas
Que amam sem ser amados
Que beijam sem ser beijados
E trabalhos e canseiras
E ventos e poeiras
E dores e panaceias
E recantos escondidos
Que tolhem as nossas ideias
Não esperava que fosse madrasta
Nem que chutasse para canto
Mas tão só que falasse e ri-se
E espalhasse o encanto
Mas entre rios e pedras
E flores e ervas
Será acertada a maré
Será verdade até
Que um dia ao virar da tarde
Mais cedo do que noite
Será dissipado o mistério
Será desfeito o silêncio
E será verdade que por entre o teu vestido de folhos
Se cruzarão os nossos olhos
Segunda-feira, 2 de Fevereiro de 2009
Todas as horas cortam a noite
Veloz
Como na seara a foice
Lenta
Chega cansada a manhã no regaço
Fria
Suada do cansaço
Quente
A tua respiração ao luar
Morna
Minha manhã ao acordar
Fechados
Os olhos do girassol
Devagar
Ao frio os passos do caracol
Molhado
O chão e a folha do vinho
Seco
O beijo que me dás de carinho
Pequeno
Toque dos teus lábios nos meus
Grande
O beijo que roubam aos teus
Domingo, 1 de Fevereiro de 2009