Segunda-feira, 30 de Março de 2009
Um poema é assim…
Algo que não se explica
Que brota dos poros
Que vive noite e dia
Que bebe à tarde água
Na fonte da Filosofia
Um exercício de dissidência
Do material da consciência
Um tambor que capta e não emite
Os sons da inteligência
Um poema não se lê à chegada
Mas no destino
É uma arte de ser
Uma pintura de pincel finoFoto: Quando não te posso contemplar, contemplo os teus - J. PEDRO MARTINS (olhares.aeiou.pt)
Quinta-feira, 26 de Março de 2009
Terça-feira, 24 de Março de 2009
Era já noite e sem que o mar ou o vento apagasse o luar
Ele sentia um aperto no peito
Cada vez que o corpo ensaiava danças de respirar
Só de pensar o que ela pensava
Ou de pensar o que ele pensava que ela pensava
Que confusão de pensar
De cada vez que ele pensava que ela pensava
Cansava a lua e as estrelas
E ficava a pensar se ela se cansava
De olhar as estrelas sem vê-las
Era breve a noite e veloz o vento
Sábado, 21 de Março de 2009
É caldo o ar que sinto
Não minto
Sou apenas um defeito
Uma gota no teu conceito
É poesia o que vendo
E um verso o que estou lendo
É defeito dos olhos
Ver aqui um poeta
Se nem uma lança
Pode fazer mais que uma seta
São só palavras com vida
Mas vida de quem as lê
É erro ver aqui
O que nem o poeta vê
É de todos este canto do meu caderno
Rabiscos e palavras
Palavras e riscos
Um delírio são eterno
Uma poesia pequena
De um poeta pequeno
Cuidador de palavras
Ressuscitador
De um poema sereno
Quarta-feira, 18 de Março de 2009
Era assim como se na folha alva
Morasse um espantalho das palavras
E na folha seguinte outro espantalho
E de folha para folha
De espantalho para espantalho
Voassem os pardais perdidos na mata
E as palavras perdidas na data
Era assim uma história sem Homem de lata
Ou leão triste ou companheiro
E brigassem os pardais e as palavras
Em que folha me deito
Ou que espantalho respeito
Sábado, 14 de Março de 2009

Digo eu...
Há sangue no que escrevo
Lágrimas no que bebo
Cio no que sinto
Suor no que concebo
Sexta-feira, 13 de Março de 2009
espacialmente oco o interior
da furtiva luz desmaiada
nesse espaço onde doce é a doçura
nesse espaço de rio onde nada
da furtiva luz desmaiada
a loucura rumo à foz da coisa
é de carne o meu sustento
é de tábua rasa
do navio, a loisa
da furtiva luz desmaiada
é espacial e especialmente oco o interior
de peixes e algas floridas
é escuro de breu o fundo
da furtiva luz desmaiada
é doce
é salgado
esse porto de mar vagabundo