Quinta-feira, 30 de Julho de 2009
Ainda o Sol não era Sol
E já fazias das palavras estrofes
Poeta ingénuo avelho
Poeta emprestado ao fim de semana
Armado em Pessoa, Régio ou Gedeão
Armado ao pingarelho
Poeta de poemas escritos na cama
Pensados, ditados e escritos de supetão
De maldizer e meter o bedelhoT
entaste escrever poemas sem palavras
Pensaste que deles jorrava sangue
Pensaste até que limpando as palavras nasciam outras
Mais doces, mais poesia
Mas de repente fez-se dia
Segunda-feira, 27 de Julho de 2009

Corta as nortadas o fumo do cachimbo
Liamba da alma feita ar
Desperta o chocolate negro da pele
Abafa a guerra e o fel
É a saudade errada dos sabores errados
Um cheiro de vapor e sabor a coco
Um grão de areia do Lobito
Um sabor de cachimbo que sabe a pouco
Um mar que dá o dito por não dito
Corta o vapor a casa do homem e da impala
Derrama-se na savana a saudade
E os livros de infância
Que carrego na minha mala
Mais que pouca-terra
Vejo muita terra e pouca fala
Fere o cachimbo o sol e o mar
Fere o sabor que é meu
Por terras e mares e savana
Ditadas por Bartolomeu
E vencidas por Gama
És tu quem me fez
És tu quem me chama
Escrito em Durban - África do Sul (28/07/2009)
Domingo, 26 de Julho de 2009
Só me ocorrem rimas pobres sem sentido
Que falam de quase nada
Como me sinto perdido, desnorteado
Fico desesperado
Quero escrever e não penso em rima alguma
Não olho outra solução
Senão escrever sobre coisa nenhuma
Da poesia vejo a espuma
Que sobra da lavagem dos dias
Espuma suja das vidas lavadas
Pobres, algumas não rimadas
Como esta pobre poesia
Que fala de coisa nenhuma
Pode-se ler ao revés
Ou então de cima abaixo
Não vão encontrar nada que rima
Ainda que a leiam de baixo a cima
Fico mesmo sem jeito
Ao escrever esta enormidade
Ainda que seja verdade
E que lhe possa espremer a espuma
Este poema fala mesmo de verdade
De nada e de coisa nenhuma.
Terça-feira, 21 de Julho de 2009
No tempo em que falavam os risos
Lá longe nas origens
Era o vento norte
E a chuva sorte
No tempo em se estendia a roupa ao luar
Sem medo ou companhia
Podiam rasgar-se os desejos
Que havia de nascer poesia
Nos tempos em os sonhos também sonhavam
Não abalavam a fé
Oscilavam os barcos e rasgavam as velas
Mas era certa a maré
Nos tempos em que as armas eram pólvora seca
E não rompiam silêncios
Doía o tempo
Escorregava a inocência
Sobrava a verdade
Mas faltava a vontade
Nos tempos em que os sonhos sonhavam
Não abalavam a fantasia
Oscilavam os barcos e rasgavam as velas
Mas nascia poesia
Sábado, 18 de Julho de 2009
A Vida das Palavras comemora hoje 2 anos de postagens regulares.
600 Posts, 60.000 visualizações, mais de 1000 comentários, 70 seguidores regulares e muitos leitores anónimos deram VIDA às PALAVRAS.
A nossa vida continua... E a das Palavras...PARABÉNS A TODOS OS LEITORES
Quinta-feira, 16 de Julho de 2009
Perenemente escritas no livro do tempo
Namoram, casam e morrem em movimentos colectivos
Palavras escritas em dueto
Na água e no azeite das folhas de um livro
Dualismo que se mistura e se conjuga
Se transforma em pluralismo aditivo
Estilos marcados pela diferença
Líquido, sangue vital da mesma crença
Em comunhão secreta com a mesma paixão
Separados os mundos mas unidos os sóis e as luas
Paixão levemente traçada pelo dedo de quem as escreve
Ou pelos olhos e os sentidos de quem as bebe
Soltam-se os estilos, soltam-se as diferenças
Em páginas virgens, cruas
Mas é nas semelhanças que se encontram em harmonia
E nas diferenças que escrevem um novo dia
Quarta-feira, 15 de Julho de 2009

Durban - África do Sul (Julho 2009) RC
Salão de Cabeleireiro no Mercado de Durban
Terça-feira, 14 de Julho de 2009

As palavras que usas para mim
Sabem a lima-limão
Não que seja necessariamente mau
Gerir vontades assim
Mas amargam-se na boca as frases
Ficam as sílabas roídas
Tornam-se os parágrafos vorazes
E as folhas dúvidas
Aclara essa voz
Limpa suave a ponta da pena
Que pena de uma pena
Só tem quem não tem voz
Grita, esbraceja, vocifera
Dança, salta e foge
Que para além da tua estratosfera
E antes de amanhã
Ainda há hoje