Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2010
Tu que sabes tanto de tudo
Que sabes mais de mim
Foge do fundo
Que o mar não é tão bravo assim
Tu sabes tanto
Das lágrimas e dos prantos
Foge do mar
Que nele estão meus encantos
Tu que sabes das letras
Do papel e do livro
Foge de mim
Que sou perigoso
Vivo
Domingo, 21 de Fevereiro de 2010
Era gelado o corpo
Mas quente a alma
Era quente o pouco
Era fria a calma
Terça-feira, 16 de Fevereiro de 2010
Nunca tive nenhum interesse especial
Em ser especial
Apartes da vida num tom espacial
Interesseiro mas justo
Quero o espaço vital
E a imortalidade despida
De gestos da vida material
Interessam-me os olhos pensantes
Os lábios sorridentes
Interessam-me as mãos
E os sonhos, os sonhos
E o desejo, e o beijo
Interessa-me a ideia de uma lua maluca
Difusa, confusa
Interessa-me o meu e o alheio
O resto odeio
A história e o episódio
A raiva e o ódio
Interessa-me que me interessem
O nome que chamo
Interessa-me quase tudo
O resto eu amo
Após longas e demasiadas palavras o João Bica resolveu responder ao meu desafio. A nova imagem de A Vida das Palavras. Espero que gostem.
Raul Cordeiro
Domingo, 14 de Fevereiro de 2010
Pensava que branca era
E neve que caíra no teu cabelo
Mas era o tempo
A penteá-lo com desvelo
Sábado, 13 de Fevereiro de 2010
Se eu for contigo agora
Esta árvore que é meu encosto
Murcha e chora
Se eu ficar aqui agora
Esta árvore que é meu encosto
Murcha e chora
Se eu chorar e murchar
Por não ir contigo agora
Se eu chorar e murchar
Por não ficar aqui
Murcho e choro
De viver só, sem ti
Segunda-feira, 8 de Fevereiro de 2010
Era já noite nos meus olhos
E dia, alvorada nos teus
Madrugada nos meus
Enrolados os olhos
Dores agudas no corpo dos ossos
Pálpebras caídas aos folhos
Meio-dia nos teus
Meia tarde nos nossos
Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2010

Era a atitude, a pose, os olhos claros
Fulminantes de um bom sossego
Era a alma, aura azul da cor do céu
Era sentir o desassossego
Dos muros da idade debaixo do véu
Era a atitude, a voz e o silêncio
Silenciadores dos gritos
Era a alma, aura azul da cor do céu
Era sentir risos aflitos
Do teu olhar vigia do meu
Era a atitude, as mãos e os risos
Afagadores dos frios
Era a alma, aura azul da cor do céu
E ser salvador e naufrago dos rios
Era a atitude, os laços e os passos
Serenas pegadas leves
Era a alma, aura azul da cor do céu
Acenos de adeus breves
Era a atitude, os sorrisos e os abraços
Afagados e apertados
Era a alma, aura azul da cor do céu
Era sentir as madrugadas
Acordar do sonho
E levantar o véu
Foto: Raul Cordeiro (Ponte de Lima, Agosto 2009)