Domingo, 30 de Maio de 2010

Nu o gesto e a palavra

Foi régia a testemunha
Que me tremiam as pernas e a alma
Parecia o corpo contrariar e manter a calma
Nu o gesto e a palavra
Discurso sem nexo
Simples ou complexo?
Sou mais simples do que imaginava
Mas mais complexo do que pensava
Há mais que palavras no olhar
E mais vida para além do meu respirar
Sim…
Porque me olhas assim?
Porque te ris de mim?
Porque sabes a mel?
Porque ficas sem respirar
Quando te vou beijar?
Sabes? Quero perguntar-te
Dar-te um beijo é perder-te
Ou ter-te?


publicado por raulcordeiro às 22:21
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Sexta-feira, 28 de Maio de 2010

Duas linhas simples de letra grande

Se eu me pudesse dividir ao meio

Sem vírgulas ou pontos finais

Ou parágrafos intencionais

Um texto corrido, de caracteres loucos

Especiais

Sem nós nem laços

Travessões, discursos directos ou embaraços

Assim como uma redacção da escola

Duas linhas simples de letra grande

Ilusão de óptica dos espaços

Para parecer mesmo grande

Tirada da cartola

Se eu me pudesse dividir ao meio

Seria esta uma parte de prosa

Teórica, esquemática

Escrava do morfema

E a outra fácil de adivinhar

O mais simples poema


publicado por raulcordeiro às 22:24
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Terça-feira, 25 de Maio de 2010

Cálculos e demoras

Quero uma prenda nos meus anos
Um relógio para ver as horas
E calcular as demoras
Quero também uma sala cheia de gente
E de versos
De ilusões e poemas
De mãos e braços e nuvens de algodão doce
Uma festa assim tipo Natal precoce
Quero também uma janela
Com vista directa para a Lua
E passagem pela rua
Ou não! Quero antes um pôr-do-sol
Vermelho rosa
Daqueles que me põe relaxado e mole
Quero aquela bebida fresca banhada em gelo
E um livro novo, ainda no prelo
Quero tudo
Mas...
Como os meus anos estão longe
Quero tudo já hoje

publicado por raulcordeiro às 21:39
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Segunda-feira, 24 de Maio de 2010

Só tu sabes se vou morrer

Como é que te podes apresentar aos outros
Com esse corpo morto, rasgado, acabrunhado
Como podes fingir as conversas com ideias dispersas
Como podes escrever coisas ridículas
Sem escreves o meu nome em maiúsculas
Como podes fingir sem tingir de rosa os sonhos
E falar deles em tons risonhos
Só tu sabes se vou morrer
Se vou morrer de riso ou afogar-me num mar qualquer
Eu sei, sou poeta, posso inventar
Mas tu és mais
És mulher


publicado por raulcordeiro às 21:45
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Quarta-feira, 19 de Maio de 2010

Todas as cores dos olhos

Era nos olhos de todas as cores

Que morava o feitiço

Que se sabia que “um poeta tem olhos de água”

Para reflectir “todas as cores”

E todas as dores

Num feixe gordo, roliço

E é na forma, feitio e proporção exacta

Dos olhos de todas as manhãs

Que vê o dia

Mas se perde a data


publicado por raulcordeiro às 19:59
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Terça-feira, 18 de Maio de 2010

Essa estante de encantos

Entre ir e vir
Da minha estante de encantos
Não sei…
Talvez quisesse despir-te a alma
Duplicar-te com os olhos
Olhar-te deliciado com o pensamento
Beber esse néctar ao relento
Talvez pensasse no teu perfume
Colhido no alvor da manhã
Talvez fumegasse em mim um castiçal de lume
E me apetecesse subir ao cume
E gritar baixinho…
Olho-te a todo o instante
Vejo-te bailarina nos meus dedos
Confidente dos meus segredos
Talvez eu esteja aí
Despido de nudez à tua cabeceira
Explorando com os olhos
A colina e a ladeira
Talvez entre ir e vir
Fossem precisos dias e noites duplicados
Invernos secos e Verões molhados
Primaveras sem flores e Outonos em Maio
E mesmo assim talvez
Não chegasse outra vida
Para te conhecer outra vez



publicado por raulcordeiro às 21:04
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Fiz amor de poema feito

Não sei bem se imaginei fazer um poema de amor
Ou fazer amor com um poema
E lê-lo devagarinho
Suspeito, sorrateiro
Entre lençóis de linho
Não sei bem se imaginei perder o jeito
E em vez se fazer um poema de amor
Fiz amor de poema feito
Não sei se faço poemas
Ou se faço amor
Se escrevo certo ou errado
Mas sei que o amor é como um poema
Não sabemos bem
Se é amado

publicado por raulcordeiro às 19:25
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Sexta-feira, 14 de Maio de 2010

que a madrugada me açoite

Pensei hoje que podia mas não posso
Adiar o amor para outro século
Adiar este nó na garganta
Ou ler noutro dia o fascículo
Não consigo controlar o braço
Não posso adiar o que me encanta
Pensei hoje que podia mas não posso
Permitir
Que as costas carreguem a noite
Ou que a madrugada me açoite
Não posso morrer gelado
Antes de me deitar quentinho
Do outro lado
Pensei hoje que podia mas não posso
Não concebo a façanha
Mas posso não poder hoje
E poder amanhã

publicado por raulcordeiro às 21:22
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Quarta-feira, 12 de Maio de 2010

mal me queres

vem
deitar-te
nos malmequeres
do meu quintal
eles são só
malmequeres
brancos
e amarelos
não
levam a mal


publicado por raulcordeiro às 22:45
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Segunda-feira, 10 de Maio de 2010

É preciso o sal de um mar inteiro

É preciso que o sal te toque o lábio
E a onda os cabelos
E a sombra defina as tuas linhas
Para que um trevo sábio
Desfaça os novelos
E proteja as pedras onde caminhas
É preciso que voem folhas pequeninas de alecrim
Ou o pó de um móvel antigo
Que se abra a janela
Ou se fechem os olhos
Para que me julgues mandarim
Abras, enfim, o postigo
Comas palavras da gamela
Ou sintas a cama em restolhos
É preciso um mar inteiro de sal
Que seja condição
E não apenas acidental

publicado por raulcordeiro às 22:25
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