Sábado, 23 de Outubro de 2010
Contra as ondas
Contra os ventos
Contra as marés
Contra os frios
Há mares
Que correm para os rios
Quinta-feira, 21 de Outubro de 2010
Que não devemos
descer os degraus dos sonhos
Porque eles
Os sonhos
Querem ser sonhados
É isso que os faz ser sonhos
E não apenas acontecimentos
Processos e sistemas
Saberes ou estratagemas
Da mente
É isso que faz um sonho
Ser da realidade
Diferente
Terça-feira, 19 de Outubro de 2010
Não me lembro de olhar
Sem os olhos com que nasci
Mesmo que o que vejo me cegue
E pense que morri
Afinal vivo e revivo
Apenas e só o que vivi
Se sou ou não sou não sei
Sei só que não sou
O que não sou
Mas serei sempre
O muito que me dão
E o pouco que dou
Domingo, 17 de Outubro de 2010
Olha à tua volta e espera
Espera que amadureça a poesia
E dela se desprenda o verso
Em alegre coreografia
Quinta-feira, 14 de Outubro de 2010
Um dia hei-de conseguir a dimensão última do poemaA forma de representação pessoal
Antes da publicação
Antes da exposição no meu ecossistema
Ganha ainda a diversidade da subjectividade de quem lê
Da interpretação mágica
Da leitura e diferenciação
De dizer sim ou não
De ler nestas linhas alguma lógica
É diferente o som da alma do poeta
Quando outros o lêem em silêncio
E de repente na ribalta
Alguém o lê em voz alta
O poema corporizado
Feito vida
Eco de uma voz escondida
E é dimensão última
O mesmo poema em vozes diferentes
Dito de uns para outros
Ou de outros para uns
Em pensamentos e almas
Contingentes
Segunda-feira, 11 de Outubro de 2010
Quero guardar uma prenda
Uma gota da chuva
Envolta num lenço de renda
Para guardar de encomenda
Para um dia de festa
Pois as gotas da chuva
São o pouco que me resta
Domingo, 10 de Outubro de 2010
Não é à toa Nem á luz da Lua Que crescem A minha árvore e a tua É apenas no silêncio do dia Que rumam para fora do seu pedestal Como se merecessem cada uma O espaço do seu quintal São apenas duas árvores A minha e a tua Cada uma a seu modo Esguia e elegante Cada uma a seu modo Importante |
Sábado, 9 de Outubro de 2010
De barba grande e face pequena
Arranho os dias
À procura de uma hora
Na esperança de uma dezena
É na face que pico
E nos olhares que me fico
Sou inofensivo
Mole e leve nos gestos
Suave nos manifestos
Poucos protestos
E muitos suspiros
Silencioso
Até quando respiro
Não admira que não reparem
Que estou aqui
De barba grande e face pequena
O olhar na chuva
A desfrutar a cena
E que pique quem se aproxima
Num olhar triste numa lástima
Como se a chuva
Transportasse a minha lágrima
Sexta-feira, 1 de Outubro de 2010
Desde que me vejo e me lembro
Abrir os olhos ao relento
Que as coisas boas e más
Me acontecem em Setembro
Assim como se o calendário parasse
E o coração disparasse
Célere em desengano
Esperando o fim do ano
Para que voltasse de vez
A acontecer tudo
Outra vez