Terça-feira, 30 de Novembro de 2010
Vesti o que não quis, nem olhei
O que podia vestir não quis
Na crosta de uma chaga que não sara
Deitar fora a roupa não resulta
Nem trocar o corpo e a cara
Teria ainda que pagar multa
Por vestir o que não quis
Ou pelo menos porque o fiz
*Álvaro de Campos - Tabacaria
Segunda-feira, 29 de Novembro de 2010
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Foto: Raul Cordeiro |
Este fogacho de pensamento
A que chamo temporária loucura
É, no meu espelho
Faísca de um pequeno talento
Não me faz mais triste
Nem me leva à brandura
Ou a ser feliz
Apenas vira mais forte e autêntico
O que este poema diz
Sábado, 27 de Novembro de 2010
Ofereço-te um bilhete único
Para o melhor lugar no espectáculo
Bem junto de duas aurículas
E dois ventrículos
Para veres o pulsar
Do meu nódulo auricular
Síncrono, compassado
De vermelho sangrado
São dez milhões de células
A bater ao mesmo tempo
De noite e de dia
Passatempo de taquicardia
Goza o espectáculo
Goza a cena
Que no final os beijos para a plateia
Serão mais que uma centena
Um bilhete único
Para o melhor espectáculo
Desta quinzena
Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010
Enquanto dormias
Plantei poemas no meu pensamento
São apenas delírios meus
Para ler ao relento
Quinta-feira, 18 de Novembro de 2010
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Foto: Raul Cordeiro |
são ossos o que sintonão grito nem me canso
nem sinto frio nem arrepio
caio em mim e descanso
só saio do lugar quando me puxarem
para um lugar melhor
não...
não arrisco maior dor
Quarta-feira, 17 de Novembro de 2010
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Foto: Raul Cordeiro |
Há nos olhos do destino
Um barco sem rumo
Um fogo sem fumo
Um joio sem trigo
Um amor sem-abrigo
Uma obstinação
Um moinho sem mó
Uma garganta com nó
Que aperta o coração
Adivinho a tormenta
De uma noite sem luar
De uma lua magenta
Nome, feminino, singular
Terça-feira, 16 de Novembro de 2010
A minha energia vem do brilhoDe um olhar perfumado
Dissolve-se na espera
Não se sente ou explica
Vem e vai
Um dia fica
Segunda-feira, 15 de Novembro de 2010